«queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa, que escrevi»

domingo, 1 de agosto de 2010

olá

querido, cheguei, estou a amar, e a levar uma vida de princesa. sabes, aquela vida que eu e tu levámos nos primeiros anos? pores do sol, lanches, fruta com chocolate, e uma rede na varanda. eu e tu não conseguimos aguentar o stress nem as responsabilidades da cidade de Lisboa, o barulho e o cheiro gasolina que amávamos na nossa vida de estudante, e que nos motivava a querer viajar mundo fora juntos, transformou-se, em despesas, um casamento, três filhos por criar, um cão de porte grande, dois automóveis, um apartamento com 4 quartos, uma sala sempre desarrumada, e um frigorífico obrigatoriamente cheio todos os dias. foi isso que nos levou a este ponto. no meio de tudo aquilo, a falta de organização, fez com que o tempo não nos permitisse amar como antes, e o que nos fez desabar de vez, foi o habito de sempre nos termos amado tanto mutuamente e dos momentos perfeitos. acabámos por esperar um do outro, mais do que podíamos dar. as nossas viagens passaram a ser no mês de Agosto, como o típico tuga, com que sempre gozámos e desejamos ter uma vida diferente, no Algarve, com uma carrinha, para cabermos lá todos e as nossas respectivas bagagens, incluindo carrinho de bebé, saco de fraldas, bóias para a piscina, baldes de praia, dois guarda sois, e cadeirinhas para o carro. não foi fácil, mas fomos sempre muito felizes em falimia, até ao nosso ponto de saturação. és um bom pai, consegues acordar cedo, para ir jogar á bola com os teus/meus filhos, cozinhar para eles, e tudo de bom grado. o pior, foi o pores as culpas para cima de mim, por queres que te amasse de igual forma, quando tu chegaste tantas vezes a casa com marcas de bâton na tua camisa branca, oferecida pela minha mãe, que sempre te adorou, e mesmo depois de tudo, continua a dar-te o maior dos apoios. agora que estou aqui, e que vejo tudo de longe, sei que o erro, foi o hábito, porque acreditas, que beijas melhor que ele? me fazes sentir mais especial? que prefiro as nossas conversas? que tenho muito mais em comum contigo do que com ele? que gostava muito mais de me por bonita para ti? é tudo verdade. é estranho viver uma relação sem ti. és o meu homem. agora não me perguntes porque não volto. não vou voltar, até estarmos preparados para tal. preciso de descansar de todas aquelas discuçoes de domingo á noite, e que alguém, mesmo que eu não ame como amo-te a ti, me abrace antes de domir, e me faça sentir desejada. escrevo-te esta segunda carta, porque não sei como reagiste ao ler a outra, nem que desculpa deste ás crianças pela mamã ter ido embora. lembro-te ainda que as fraldas da Leonor estão quase a acabar, por isso deves compra-las rapidamente, e não lhe calces os sapatinhos rosa, porque já lhe ficam apertados. os trabalhos de casa do Duarte, são para entregar apenas quando as aulas começarem, mas mesmo assim, explica-lhe que deve fazer já, para ter todo o tempo livre nas férias. em relação ao André, não lhe deixes comer chocolate perto da Leonor, porque ele tem a mania de lhe oferecer ás escondidas, e ela não deve comer muito chocolate por enquanto. a casota do Nuki está com um furo, por isso, deixa-o dormir na cozinha, se ele o desejar, e não lhe dês banho tão cedo, que eu própria deixei-o limpinho antes de vir. o numero de telefone da Patrícia e do Rui estão no frigorífico, quando poderes liga para eles, que eles ficaram de ir buscar os meninos no próximo fim de semana para irem á praia de Sesimbra com a Renatinha e com o Bruninho. diz á minha mãe que amanha ligo para ela. e tu, não me tentes ligar, não te vou atender, limita-te a cuidar dos nossos filhos, não quero que lhes falte nada. da-lhes muitos beijinhos antes de irem dormir, e conta-lhes uma história, como fazias, antes. com muitas saudades, com um hábito horrível, um enorme ainda te amo. (ouve creed - one last breath, que me faz muito lembrar de nós)


(mais outra carta, da minha história inventada, o meu dia foi diferente, tenho muitas saudades, e espero que amanha faças uma boa viagem, vai custar estar longe de ti)* até amanha

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