«queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa, que escrevi»

sábado, 15 de outubro de 2011

e vais por aí, de rei na barriga, com palavrões e expressões que soam mal vindas da tua boca, vulgarizando este amor, enchendo cada vez mais a tua lista telefónica, já nada inseguro das tuas antigas inseguranças, com novos planos incutidos, e vais por aí, tão novo, tão outro, tão outra pessoa do que já foste (ou és). vejo de longe. mas sorrio-te pela frente. é. das poucas vezes que ainda me consegues olhar na cara, eu gosto de sorrir, de fingir que estou melhor do que nunca. eu não era assim, de te querer mostrar o contrário, logo a ti, nunca. mas agora, agora que estás com ela, eu não sinto vontade de ser um mínimo de verdadeira contigo. tentas manter segredo, esqueces-te que o mundo é assim, as coisas nunca ficam na boca de todos a quem pedes segredo, tu sabes tão bem disso, quantas vezes nos apanharam, com olhares, com beijos atrás de postes..se te desejo algo de mal? não. não consigo trocar amor por ódio. e amo-te. a indiferença a com que te mantens achando que nada está mal, é que me dói, me vai tirando o chão um bocadinho a cada bocadinho, enquanto os dias se arrastam, um dia, outro dia, mais um, amanha, hoje, a seguir, outro dia, sem ti. desiludida, tão desapontada. com tantas ideias na cabeça, com tantos planos que tínhamos, acabo por procurar empregos, voluntariados, que me encham todo o tempo que sobra da escola e do ginásio. continuo a pensar em ti. eu conheço-te tão bem, que isso me faz mal. como vejo esse tanto vosso amor, como ilusão. não é para que voltes, longe disso. é que sabes? eu sei como dormes, sei como acordas de manhã, sei de cor as tuas roupas favoritas, a maneira como corres em jogo, como ajeitas o cabelo depois do banho, como agarras a canela, como fechas os olhos quando beijas, reconheço a tua caligrafia de longe, o cheio da tua pele, porque raramente te enches de perfume, o quanto gostas de caracóis, e entremeada mista, de ice tea de limão e manga. de pizza com extra queijo, de tosta de frango, de magnos. quando sorris por simpatia, quando estas chateado, quando estás feliz, quando algo te incomoda. das palavras que usaria se te dissessem x ou y. que isso me faz, achar que ainda és o que sempre foste. que me faz não me arrepender de tudo o que deixei por ti, de quando estava mal de amores, e ligava-te, e tu não me deixavas dormir até saberes o que se passava, de quando éramos loucos, e cantávamos no meio da estrada, de quando fingíamos ser namorados só na brincadeira, de quando me chateavas com trabalhos da escola, eras o único que eu deixava sempre próximo de mim, o único que me podia agarrar pela cintura sem que eu me afastasse, o único que me deixava ser doida ao extremo e alinhava comigo, que dançava comigo quando todos se mantinham sentados. não te lembras? de te ensinar tocar flauta, das dedicatórias que me fazias nos cadernos, das aulas em que não fazíamos nada, de me fazeres largar todos os meus namorados para voltar para ti? de estares sempre mais comigo do que eles mesmos? das tuas parvoíces, da tua fome, e dos teus sonhos. tu eras o único que tirava fotos loucas comigo mesmo quando não estava na moda, eras o único que se atirava sempre para o meu sofá, e dizia 'tens comida?'. tu sempre foste o meu melhor amigo, o meu melhor amor, e eu sou tu, mais do que fui qualquer outra pessoa na minha vida. e se reparares em tudo, e imaginares se fosse eu a fazer-te o que me andas a fazer, o quão grande é a desilusão pela que estou a passar. nem imaginas o que dói perderes alguém que te é tanto, de veres alguém sair da tua vida, como tantos outros, com um olhar de indiferença todos os dias, de estar com outra pessoa, de vulgarizar tanto amor, e uma amizade tão grande, de merecer vindo de alguém que te ama tanto, um texto em que se diz 'deixei-te sozinho nisto, já não estamos juntos'.
promete-me apenas que quando caíres, te vais levantar, e vais ser forte, pela primeira vez eu não vou estar aqui, eu fui embora para ser feliz, não se ama quem não existe. adeus, first love

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

meio qualquer coisa

a fingir que não me custa quando a tua sombra passa pela minha, em silêncio, em indiferença, quando antes, corrias, e fazias questão de junta-las, para que nada nosso estive-se longe. a fingir que não custa, ás vezes quero acreditar que ainda me conheces minimamente bem depois destes seis longos anos, e que entendes, e percebes, e vês, que não, que nada está bem em mim, que existe um sorriso tremulo cheio de lágrimas por trás quando passas, que dói, e que não está a ser, de modo algum fácil. lembras-te, quando dizias que nunca me irias deixar, que estarias do meu lado, incondicionalmente? que seria a tua melhor amiga? o teu chão quando o mundo vira-se de pernas para o ar? o abraço apertado que te daria todos os dias? eu acreditei tanto. e dei-te tanto, e levas-te tudo. ando meio vazia sabes. a minha casa é o teu reflexo. oh , como eu ando a odiar morar aqui. eu mudei tudo, tirei fotos, embalei roupas, presentes, meio com magoa, meio desiludida, meio, meio com pena de mim, meio sem forças de te ver na foto da entrada, tão filho dos meus pais quanto eu. mais dono do meu espaço que eu, mais parte da minha vida que eu. isso ás vezes acontece, não é mentira não. em parte, sei que sabes de tudo o que digo aqui. espero agora, quieta. de vez em quando dá vontade de te ligar ás 4h da manhã como tantas vezes já fizeste, e dizer-te que tenho saudades tuas, mas meio quieta, meio sem saber, espero que meio tempo, leve tudo isto para longe, que nos volte a fazer dar o melhor de nós, que num dia qualquer me procures, e eu poça de novo encostar o meu nariz no teu queixo, a respirar fundo, a sentir que estás ainda para mim, como eu nunca vou deixar de estar para ti, com todo o amor, ainda, uma irmã emprestada. meio nada, meio tudo. dá-me a mim de volta, por agora, peço-te. apenas. só. dorme bem amor, seja onde estejam os teus pensamentos, os teus planos, o teu novo eu - que tanto me desilude. beijinho no nariz com sabor a kiwi, como sempre.